segunda-feira, 24 de março de 2008

MULHER DE “CATIGURIA”

















Em agosto do ano passado a Vogue brasileira trouxe três ensaios fotográficos com Camila Pitanga. Não era pra menos, naquela época ela e Wagner Moura carregavam a novela “Paraíso Tropical” nas costas.
Sua personagem, Bebel, era a vilã mais querida do Brasil. Poucas atrizes conseguiriam fazer isso. Camila fez. Bebel não era como outros personagens de novela, ela era complexa, humana, cheia de sutilezas e nuances. Sua prostituta era admirada, copiada e, no máximo, considerada amoral.
Na Vogue (348, agosto de 2007)Paulo Vainer e Verônica Casetta a fotografaram em um playground gráfico, Gui Paganini no corredor do Copacabana Palace e Bob Wolfenson fez suas fotos na Restinga de Marambaia – Camila linda e loira (mesmo!!!), com um vestidinho estampado drapeado de André Lima (R$8.750,00) arrastando na areia (Jesus, segura!). Textos do cineasta Jorge Furtado, de Millor Fernandes e Antônia Pellegrino costuraram a edição. Tudo de bom. Um deles termina seu texto assim: “Camila é, como diria Noel rosa, ‘coisa nossa’, uma personagem de um Brasil que deu, e dá certo”.
http://rgvogue.ig.com.br/making_of/2007/08/11/camila_para_vogue_2_959624.html

Minha admiração por Camila não começou e nem terminou com a novela, muito menos com o ensaio da Vogue. Camila tem o que eu não tenho, é o que eu não sou. Ela tem aquela postura de bailarina, conquistada em aulas de ioga, a fala mansa, rouca, aquela cara de quem acordou bem e está de bom humor. Ela é toda boa! Só a vi na TV, mas reparem, ela dá entrevistas com as mãos postas... Um jeito feminino que não existe sobrando por aí.
Segunda–feira passada estava eu zapeando quando me deparo com Camila no GNT dominando a cozinha do Claude Troisgros. Gente a mulher está grávida, o rosto arredondou levemente. Ela conseguiu ficar ainda mais bonita. Usava um vestidinho de seda estampado lindíssimo e dava ordens ao Claude: “Corta a berinjela em cubinhos!” “Vai pra lá!” “Vem pra cá!”. Ela estava preparando um prato tailandês. É... ela fez uma viagem à Tailândia e aproveitou pra fazer um curso de culinária de dois dias. O prato escolhido foi camarão ao leite de coco e curry verde. Vocês acham que ela chegou lá com o curry pronto? Não, fez na hora. Pilãozinho na mão, mandou ver. Coube ao Renato Machado o desafio de harmonizar e ele escolheu três vinhos: dois australianos e um francês. Camila deu outro show, paladar apurado compreendeu as explicações de Renato Machado e “traduziu” a experiência de saborear um vinho que deixa na boca uma sensação compatível com a do prato.

http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM803054-7822-CAMILA+PITANGA+NO+MENU+CONFIANCA,00.html

Desliguei a TV babando e suspirei desconsolada com a impossibilidade de sentir o cheirinho do curry, da pimenta, dos camarões boiando no leite de coco, da Camila...
Cheia de inveja racionalizei: “Ela é enteada da Benedita...nenhuma vida é perfeita!” – e fui dormir.

terça-feira, 11 de março de 2008

Sobre patos e cogumelos
















Sai da casa de meu pai apenas aos 27 anos de idade, por isso tivemos muito tempo para conversar. Muitas vezes, quando eu contava a ele que havia me decepcionado com alguém, era “obrigada” a ouvir a história do pato:
- Filha, se uma coisa caminha feito um pato, tem bico de pato, tem penas de pato, faz som de pato e anda com outros patos, muito provavelmente - é um pato (ou uma pata)!
Talvez fosse fácil para ele perceber quem era pato, quem não era. Mas, a verdade é que, quem está se relacionando com um pato, quase sempre quer ou precisa se enganar. Mesmo reconhecendo que “o pato é pato” costumamos pensar que nossa dedicação, nossa amizade, nosso amor, são tão poderosos a ponto de modificarem a “natureza”, transformando o pato em cisne.
E aí, vale a sabedoria de Rony Weasley, em Harry Potter e o Cálice de Fogo: "Cogumelos venenosos não mudam sua natureza".
Se não podemos, ou se não queremos, jogá-los fora, ao menos devemos ter em mente o que eles são!

quinta-feira, 6 de março de 2008

Mulheres

O dia Internacional da Mulher se aproxima. É mesmo?
O que tenho a dizer? Não digo.
Onde estão minhas amigas? Se não conversarmos o mudo para. Não sabiam?

"Quando Baltasar entra em casa, ouve o murmúrio que vem da cozinha, é a voz da mãe, a voz de Blimunda, ora uma, ora outra, mal se conhecem e tem tanto pra dizer, é a grande interminável conversa das mulheres, parece coisa nenhuma, isto pensam os homens, nem eles imaginam que esta conversa é que segura o mundo na sua órbita, não fosse falarem as mulheres umas com as outras, já os homens teriam perdido o sentido da casa e do planeta."

José Saramago em Memorial do Convento
Pintura de Renoir, Jovens Conversando, 1898.