quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Eu, minhas meninas, e as compras I





Sou uma mulher cercada por mulheres desde o berço. Ao nascer 5 Marias me esperavam: minha mãe - Maria Assumção, Maria da Glória - minha irmã mais velha, as gêmeas – Maria Fátima e Fátima Maria, e Maria Lúcia. Os homens estavam lá – meu pai, meu irmão César – mas não em primeiro plano. Como ocupar o primeiro plano com elas tendo tanto a falar? Difícil demais...
Na juventude me acostumei a andar em bando, mas desde lá meu bando era feminino. Ainda jovem, mas já adulta, descobri que melhor do que ter amigas era ter inimigas. Vou explicar.
Eu e certo grupo de amigas, ao invés de fazermos “amigo-oculto” nos fins de ano, fazíamos “inimigo-oculto”. Cada uma comprava para a outra algo que fosse barato, trash, que lembrasse um episódio triste, desagradável, ocorrido naquele ano. A criatividade ia longe. Fazíamos encenações, compúnhamos músicas, construíamos artefatos surrealistas. Passamos a nos chamar de “As Inimigas”, considerando o fato de que só uma inimiga é capaz de rir da sua desgraça com tamanha desenvoltura. Com o casamento, os filhos e a maturidade, As Inimigas deixaram de trocar esses “presentes”. Mas, nunca nos separamos. Agregamos novas inimigas ao grupo e seguimos a vida.
Sou psicóloga, por isso desde a graduação vivo cercada por profissionais de saúde, em geral mulheres - médicas, enfermeiras, nutricionista, psicopedagoga, dentistas. E daí surgiu meu segundo bando, o grupo que numa alusão ao Silvio Santos chamo de “Minhas Colegas de Trabalho” – uma verdadeira equipe multidisciplinar!
Três, neste caso, não é demais. Tenho outro grupo de amigas com quem me encontro regularmente – o das “ Mães Marista”. Todas são mães de crianças que estudam na escola do meu filho. Vocês podem pensar que esse grupo é chato, que a gente só fala de filhos, de deveres de casa, de professoras, de empregada... Não vou me dar ao trabalho de desmentir. Só digo que este grupo é o mais boêmio - é o que mais bebe, mais come, mais dança... Tire suas próprias conclusões...
Foi entre as Mães Marista que o assunto deste post começou:
- Vocês já surtaram nas compras? Já compraram alguma coisa e se arrependeram mortalmente depois?
A pergunta veio de uma amiga que é economista, trabalha no Banco Central. Pense! Eu pensei que ela ia puxar a conversa para um lado, e ela imediatamente virou pra outro. Dizendo em seguida:
- Gente, eu surtei na Riachuelo!
Eu caí na gargalhada! - Na Riachuelo? Jesus, que perigo!
Ela logo contou de sua loucura por roupas de cama, sejam elas: as ótimas, as muito boas, as boas, as muito caras, as caras e, como não? As de bom preço.
Ela contou que entrou na Riachuelo e viu a palavra mágica: PROMOÇÃO! Os edredons eram bons, bonitos, estavam a um bom preço.
Como não estariam? Era verão. Moramos em Brasília... (Onde nem no inverno a venda de edredons deve ser grande...)
Minha amiga agarrou 2 de casal para ela, e 4 de solteiro. Dois para cada filho! (Se eu mereço dois eles também merecem, como não?).
Ela catou três vendedoras para que a ajudassem a carregar tudo até o caixa e lá se foi. Foi? Foi. Até o carro. Numa verdadeira caravana. Ela e as três vendedores atrás, ajudando a carregar os edredons.
Naquela fila indiana meio doida caminhando pelo shopping a ficha começou a cair. Minha amiga pensou:
- Isso não vai caber no carro!
Abriu o porta-malas, apertou um aqui, outro ali. Com todos os bancos abarrotados e sem conseguir enxergar sequer uma pontinha do vidro traseiro, ela rumou pra casa.
- Onde é que eu vou colocar esses edredons quando chegar em casa? Pensava ela pelo caminho.
- Ah, meu marido me ajuda!
Ledo engano! Ela desceu do carro. Pegou um edredon e subiu em busca da tal ajuda. Mas, quando ela abriu a porta, com apenas um edredon nas mãos, o marido a olhou espantado e perguntou:
- O que é isso? Para que você comprou um edredon? Onde é que você vai colocar isso?
Ela nem respondeu, deu meia volta e rumou para a Riachuelo. Devolveu tudo! Os seis edredons!

5 comentários:

Dr. Simão Bacamarte disse...

Se dependesse de mim (e de 99% dos homens que conheço) os fabricantes de edredons teriam tido um final desonroso e precoce. alias, tenho certeza absoluta que todos os fabricantes de edredons são mulheres, uma vez que só as mulheres vêem utilidade nesse artigo calorento.

Meg disse...

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
D. ENCRENCA, ESSE POST ESTÁ HILÁRIO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
MORRI DE TANTO RIR!!!! "Artefato surrealista"??? Eu acho que sei do que você está falando...Só você mesmo!
Parabéns amiga, D. Encrenca recuperou (ou pelo menos reapareceu com) seu humor refinado!

Infelizmente nunca fui dada a surtos em compras. Sou extremamente cuidadosa, odeio shoppings e só compro em lojas de entre-quadras!
Agora então minha amiga, com a obra, é que não compro nada mesmo!

Estimulada por sua indagação ao final, pensei se já vivenciei surtos que pudessem inspira-la, mas creio que não....
Mas lembrei-me de algumas situações, segue uma delas:

Eu calço 40 e não encontrava (isso já tem uns 3 anos) quase nada por aqui, pois todas as brasilienses que calçam 40 chegam antes de mim em lojas bacanas do tipo Belluno e Spezia (que trazem somente um único par de apenas alguns modelos). Haviam me dito que no caminho pra Gramado há inúmeras fábricas de sapatos, sabe como é n! Cidades dos sul, mulheres mais altas, certamente tem sapatos 40 aos montes. Pois bem, imaginava que lá na tal cidade havia fábricas de sapatos com tamanho 40. Numa viagem ao sul com o Hélio e a Laís (imagina, ela com um ano e meio de idade), passando por Igrejinha (a tal cidade), eu gritei: _Pára, pára, pára o carro (alugado, é claro)! O Hélio me olhou assustado! Já eram quase 6 h da tarde e a gente estava voltando pra Porto Alegre, quando eu avistei uma Fabrica. Entramos os 3, todos com com fome e sede, e eu sem nem experimentar nada direito, comprei 9 pares de sapatos (sendo duas botas).
O Hélio estava lá fora, distraindo a Laís, qdo me viu saindo da Loja com aquele monte de sacolas disse: _Vamos ter que compra outra mala! Como vamos levar isso pra Brasília?
Daí eu quase tive uma síncope! Meu Deus! Como não me lembrei que não estava em Brasília?
Bem.... voltamos pra Porto Alegre, a locadora já havia fechado qdo chegamos (fechava as 20h). Tivemos que pagar mais uma diária do carro e ainda comprar uma bolsa de viagem que coubessem todos os 9 sapatinhos de cristal..... Mas era por uma causa mais do que justificável....
Tudo bem, se eu tivesse usado todos eles. Três deles eu doei sem nem usar (nada a ver comigo), dois me apertavam no calcanhar e eu só tentei usar umas 2 ou 3 vezes e depois doei e um ainda está lá na minha sapateira que eu nunca usei, mas por uma questão de honra, espero usar um dia.... Só as duas botas e um certo sapato bege, deram certo. Seis deles foram um verdadeiro fiasco!
Foi ou não foi um surto???
Ah! Esqueci de dizer que em Gramado, já havia entrado numa loja, que tinha um quadro com os dizeres: "Mulheres que amam os seus sapatos, vocês não estão sozinhas!". Chamei o Hélio, mostrei a ele, mas como ali não havia sapatos 40, comprei apenas uma bolsa......

Um beijo Bela,

Um beijo da Inimiga (com muito orgulho)

Meg

Dona Encrenca disse...

Meg, claaaaaro que isso foi um surto!
O que o torna mais ainda um surto, é que você acha que pode não ter sido!
Eu também morri de rir do seu comentário.
Beijo,

Janne disse...

AMIGA AMEI ESSA SUA CRONICA DA SUA AMIGA DA RIACHUELO. VOCE TINHA QUE ESCREVER NA REVISTA VEJA EPOCA OU NA FOCO COLUNA DONA ENCRENCA. AINDA VOU
NO PROGRAMA DO JO SOARES TE VÊ!QUEM VIVER VERÁ!! É SÓ QUESTAO DE TEMPO. BJIM AMIGA INTELIGENTE CULTA E PRINCIPALMENTE : CHEIA DE AMIGOS. SUA AMIGA INIMIGA JANNE

Dr. Simão Bacamarte disse...

Dar como opções "igualmente valoradas" as revistas Veja, Época e Foco? Eu realmente não sei o que pensar a respeito.