Do baú – escrito em fevereiro de 2006 para publicação na Revista Destaque.
Alguns dizem que adolescente é tudo igual, só muda o endereço! Bom, se muda o endereço, muita coisa muda. Não é mesmo? E, mesmo quando não muda o endereço, dois jovens, na mesma casa, criados pelos mesmos pais, podem ser muito diferentes.
A única semelhança percebida facilmente quando se trata de adolescentes é a grande preocupação de seus pais e também dos profissionais que trabalham diretamente com eles em como possibilitar que consigam se cuidar, se prevenir de situações que coloquem em risco sua integridade e sua felicidade.
Muitos pais afirmam que “não dão mais conta” de seus filhos quando eles chegam à adolescência. Sentem-se perdidos, sem saber o que fazer. A família é um sistema. Tudo está interligado. O que acontece a um membro afeta o outro e vice-versa. As transformações do jovem na adolescência, assim, não são apenas individuais. Todos são afetados. Toda a família se transforma, ainda mais se o jovem está em sofrimento.
Adélia Prado escreveu: “Pior inferno é ver um filho sofrer sem poder ficar no lugar dele”. Vinicius certamente também sabia disso, pois escreveu a seu filho: “Eu, muitas noites, me debrucei sobre o teu berço e verti sobre teu pequenino corpo adormecido as minhas mais indefesas lágrimas de amor, e pedi a todas as divindades que cravassem na minha carne as farpas feitas para a tua”.
Contudo, é inevitável que os filhos cresçam e sofram. Os pais são arcos que disparam flechas. Entretanto, os pais são também ninho. Rubem Alves, em uma de suas crônicas, “O Pai”, cita Bachelard, que amava os ninhos, e escreveu sobre eles: “Para o pássaro o ninho é indiscutivelmente uma cálida e doce morada. É uma casa de vida: continua a envolver o pássaro que sai do ovo. Para este, o ninho é uma penugem externa antes que a pele nua encontre sua penugem corporal”.
Que felicidade enche o coração de um pai ou de uma mãe quando acolhe o filho em seus braços! Quando crianças, o que os filhos sentem no colo dos pais é que estão no ninho, estão protegidos, tudo está bem, não há porque ter medo. A criança também se sente segura se vê que os olhos de seu pai a protegem.
Segundo Rubem Alves, os olhos também são colos. Olhos também são ninhos. O pai fica olhando o filho que se aventura na piscina ou no parquinho – “Estou aqui! Estou vendo você, não tenha medo!”. É impossível calcular a importância destes momentos na vida de uma criança e também na vida de um pai e de uma mãe.
Entretanto, a vida dos filhos não está no ninho, mas no vôo. Isso é inegável e bom. Ninhos não podem transformar-se em gaiolas.
A adolescência é o tempo do vôo. Na adolescência, muitas vezes, tudo o que os jovens querem é fugir dos olhos dos pais, de seus abraços. Na frente dos amigos então, nem pensar.
Na crônica citada, o autor pontua que adolescente não quer ninho, quer asas. Muitas vezes a casa passa a ser só um ponto de partida para vôos em todas as direções. Voltar para casa é quase sempre algo a ser retardado, adiado. A vida não está mais no ninho.
Contudo, o ninho não deixa de ser ninho quando o pássaro está voando. Eles ainda têm que voltar, mesmo que seja contra a vontade. Muitos pais, só quando ouvem o barulho da chave na porta, sentem-se tranqüilos – o ninho está novamente preenchido!
Se as mudanças familiares estão trazendo sofrimento para o pai, para a mãe e para os filhos, a psicoterapia pode ser um caminho. Muito mais do que um sinal de que os pais não estão mesmo “dando conta”, procurar um psicoterapeuta pode ser um presente que eles se dão, possibilitando que, diante de tantas demandas, eles se fortaleçam para passar por essas transformações da melhor maneira possível.
Por que apenas esperar o tempo passar, se o sofrimento está acontecendo aqui e agora?
Adélia Prado escreveu: “Pior inferno é ver um filho sofrer sem poder ficar no lugar dele”. Vinicius certamente também sabia disso, pois escreveu a seu filho: “Eu, muitas noites, me debrucei sobre o teu berço e verti sobre teu pequenino corpo adormecido as minhas mais indefesas lágrimas de amor, e pedi a todas as divindades que cravassem na minha carne as farpas feitas para a tua”.
Contudo, é inevitável que os filhos cresçam e sofram. Os pais são arcos que disparam flechas. Entretanto, os pais são também ninho. Rubem Alves, em uma de suas crônicas, “O Pai”, cita Bachelard, que amava os ninhos, e escreveu sobre eles: “Para o pássaro o ninho é indiscutivelmente uma cálida e doce morada. É uma casa de vida: continua a envolver o pássaro que sai do ovo. Para este, o ninho é uma penugem externa antes que a pele nua encontre sua penugem corporal”.
Que felicidade enche o coração de um pai ou de uma mãe quando acolhe o filho em seus braços! Quando crianças, o que os filhos sentem no colo dos pais é que estão no ninho, estão protegidos, tudo está bem, não há porque ter medo. A criança também se sente segura se vê que os olhos de seu pai a protegem.
Segundo Rubem Alves, os olhos também são colos. Olhos também são ninhos. O pai fica olhando o filho que se aventura na piscina ou no parquinho – “Estou aqui! Estou vendo você, não tenha medo!”. É impossível calcular a importância destes momentos na vida de uma criança e também na vida de um pai e de uma mãe.
Entretanto, a vida dos filhos não está no ninho, mas no vôo. Isso é inegável e bom. Ninhos não podem transformar-se em gaiolas.
A adolescência é o tempo do vôo. Na adolescência, muitas vezes, tudo o que os jovens querem é fugir dos olhos dos pais, de seus abraços. Na frente dos amigos então, nem pensar.
Na crônica citada, o autor pontua que adolescente não quer ninho, quer asas. Muitas vezes a casa passa a ser só um ponto de partida para vôos em todas as direções. Voltar para casa é quase sempre algo a ser retardado, adiado. A vida não está mais no ninho.
Contudo, o ninho não deixa de ser ninho quando o pássaro está voando. Eles ainda têm que voltar, mesmo que seja contra a vontade. Muitos pais, só quando ouvem o barulho da chave na porta, sentem-se tranqüilos – o ninho está novamente preenchido!
Se as mudanças familiares estão trazendo sofrimento para o pai, para a mãe e para os filhos, a psicoterapia pode ser um caminho. Muito mais do que um sinal de que os pais não estão mesmo “dando conta”, procurar um psicoterapeuta pode ser um presente que eles se dão, possibilitando que, diante de tantas demandas, eles se fortaleçam para passar por essas transformações da melhor maneira possível.
Por que apenas esperar o tempo passar, se o sofrimento está acontecendo aqui e agora?
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