Domingo de manhã - a primeira coisa que faço é conferir os números do sorteio da Mega-Sena. Não, não foi desta vez. Alguém em Florianópolis está milionário, não eu. Sei que vou passar o dia, não, a semana, atendendo a ligações de candidatas à vaga de doméstica aqui em casa.
Piedade, Senhor, piedade!
Pergunto sempre as mesmas coisas a quem liga: “A senhora é uma boa cozinheira?”. 99,8% das vezes, a resposta é: “Eu cozinho... (reticências)”. Se eu pergunto: “O que é que a senhora sabe fazer, assim... muito bem?” A resposta, 99,8% das vezes é: “Lasanha, estrogonoff...(reticências, mesmo!)”. Os outros 0,2 % incluem umas coisas estranhas como: "bife à roleta" (Será russa, Jesus? Salve-se, quem puder!) e "frango afogadinho" (onde, meu Deus, essa criatura afoga o frango?).
Essa pergunta parece simples, mas não deve ser. Algumas candidatas parecem que foram treinadas em cursos de formação de psicoterapeutas. Elas respondem uma pergunta com outra, de entrevistadas passam a entrevistadoras: “O que é que a Senhora gosta de comer?”.
Gente, como se diz lá em Minas: "Tem base um trem desses?". Até bronca eu já levei.
- “A senhora devia colocar um número de telefone fixo no anúncio! Pensa que quem está procurando emprego tem dinheiro pra ficar ligando pra celular é?”
Vocês acham que foi só essa vez? Não, teve outra. Uma candidata reclamou porque ficou ligando segunda-feira durante a manhã toda e eu não atendi. Que pena, né? Eu tinha que trabalhar!
Piedade, Senhor, piedade!
Pergunto sempre as mesmas coisas a quem liga: “A senhora é uma boa cozinheira?”. 99,8% das vezes, a resposta é: “Eu cozinho... (reticências)”. Se eu pergunto: “O que é que a senhora sabe fazer, assim... muito bem?” A resposta, 99,8% das vezes é: “Lasanha, estrogonoff...(reticências, mesmo!)”. Os outros 0,2 % incluem umas coisas estranhas como: "bife à roleta" (Será russa, Jesus? Salve-se, quem puder!) e "frango afogadinho" (onde, meu Deus, essa criatura afoga o frango?).
Essa pergunta parece simples, mas não deve ser. Algumas candidatas parecem que foram treinadas em cursos de formação de psicoterapeutas. Elas respondem uma pergunta com outra, de entrevistadas passam a entrevistadoras: “O que é que a Senhora gosta de comer?”.
Gente, como se diz lá em Minas: "Tem base um trem desses?". Até bronca eu já levei.
- “A senhora devia colocar um número de telefone fixo no anúncio! Pensa que quem está procurando emprego tem dinheiro pra ficar ligando pra celular é?”
Vocês acham que foi só essa vez? Não, teve outra. Uma candidata reclamou porque ficou ligando segunda-feira durante a manhã toda e eu não atendi. Que pena, né? Eu tinha que trabalhar!
Melhor escutar essas coisas do que ser surda.
Entre uma ligação e outra fico pensando: E se eu realmente tivesse acertado os números? Ia ter uma casa maior, ou melhor, casas maiores - e seria ainda mais difícil conseguir boas empregadas. Jesus, ser milionário: benção ou castigo?
O que sei é que não ia querer nunca mais me preocupar com nada - sobretudo com as pequenas coisas de casa. Eu nunca mais ia querer ouvir alguém dizendo: “O microondas está fazendo um barulho esquisito, acho melhor a senhora chamar alguém para vir dar uma olhadinha...” (Essa olhadinha do técnico da Brastemp custa R$25,00, dá para acreditar? O sujeito só tem que atravessar a rua!)
Se um dia eu ficar muito rica (sim, porque só rica, não basta) vou querer uma governanta, e ela que cuide de contratar as empregadas, ensinar como a casa funciona e demiti-las, quando for o caso.
Taí, se um dia eu ganhar na Mega minha primeira providência será: uma governanta, uma Fräulein!
Ela é quem ensinaria às “dods” onde são guardadas as colchas, as toalhas, o que combina com o quê, qual a travessa do arroz, qual o ponto certo do filé do Sr. Fabiano, quais os ingredientes da vitamina que ele toma todas as manhãs e etecetera e etecetera e tal.
Fräulein é quem ia dizer à arrumadeira como são guardadas as camisas do Sr. Fabiano - o que, aliás, é simples: cabides todos na mesma direção, começando com as de cores mais claras até as mais escuras, e fim de papo. Queria vê-la explicar como são guardadas as minhas camisas! Jesus! Como será que se constrói o conceito que permite uma pessoa saber a diferença entre as camisas que uso para sair de dia, para ir a festas, para ir à ginástica e para dormir? Deve ser uma derivação do que é lavado à mão, o que se coloca na máquina, o que vai para a lavanderia... não, não pode ser assim tão difícil, não é mesmo?
Queria ver também como é que ela faria para que as empregadas entendessem que do queijo branco, de Minas, elas podem usar - e abusar -, mas que daquele que parece que está todo mofado, elas não podem. Eu não dou conta de falar. E a culpa? Para isso - Fräulein!
Com ela tudo haveria de entrar nos eixos! O arroz teria a quantidade certa de sal, não estaria nem muito solto, nem muito grudado; os guardanapos estariam sempre limpos e bem dobrados; o vazamento no box do banheiro seria consertado; o parafuso da porta do armário, que tinha caído, estaria como se nunca tivesse saído do lugar; e “lâmpada queimada” seria apenas uma expressão sem muito sentido.
Ah! Minha vida com Fräulein...
Estou pensando seriamente em imprimir este post para depois jogá-lo ao vento. Quem sabe, como no filme Mary Poppins, Fräulein não desce das nuvens?
Entre uma ligação e outra fico pensando: E se eu realmente tivesse acertado os números? Ia ter uma casa maior, ou melhor, casas maiores - e seria ainda mais difícil conseguir boas empregadas. Jesus, ser milionário: benção ou castigo?
O que sei é que não ia querer nunca mais me preocupar com nada - sobretudo com as pequenas coisas de casa. Eu nunca mais ia querer ouvir alguém dizendo: “O microondas está fazendo um barulho esquisito, acho melhor a senhora chamar alguém para vir dar uma olhadinha...” (Essa olhadinha do técnico da Brastemp custa R$25,00, dá para acreditar? O sujeito só tem que atravessar a rua!)
Se um dia eu ficar muito rica (sim, porque só rica, não basta) vou querer uma governanta, e ela que cuide de contratar as empregadas, ensinar como a casa funciona e demiti-las, quando for o caso.
Taí, se um dia eu ganhar na Mega minha primeira providência será: uma governanta, uma Fräulein!
Ela é quem ensinaria às “dods” onde são guardadas as colchas, as toalhas, o que combina com o quê, qual a travessa do arroz, qual o ponto certo do filé do Sr. Fabiano, quais os ingredientes da vitamina que ele toma todas as manhãs e etecetera e etecetera e tal.
Fräulein é quem ia dizer à arrumadeira como são guardadas as camisas do Sr. Fabiano - o que, aliás, é simples: cabides todos na mesma direção, começando com as de cores mais claras até as mais escuras, e fim de papo. Queria vê-la explicar como são guardadas as minhas camisas! Jesus! Como será que se constrói o conceito que permite uma pessoa saber a diferença entre as camisas que uso para sair de dia, para ir a festas, para ir à ginástica e para dormir? Deve ser uma derivação do que é lavado à mão, o que se coloca na máquina, o que vai para a lavanderia... não, não pode ser assim tão difícil, não é mesmo?
Queria ver também como é que ela faria para que as empregadas entendessem que do queijo branco, de Minas, elas podem usar - e abusar -, mas que daquele que parece que está todo mofado, elas não podem. Eu não dou conta de falar. E a culpa? Para isso - Fräulein!
Com ela tudo haveria de entrar nos eixos! O arroz teria a quantidade certa de sal, não estaria nem muito solto, nem muito grudado; os guardanapos estariam sempre limpos e bem dobrados; o vazamento no box do banheiro seria consertado; o parafuso da porta do armário, que tinha caído, estaria como se nunca tivesse saído do lugar; e “lâmpada queimada” seria apenas uma expressão sem muito sentido.
Ah! Minha vida com Fräulein...
Estou pensando seriamente em imprimir este post para depois jogá-lo ao vento. Quem sabe, como no filme Mary Poppins, Fräulein não desce das nuvens?
2 comentários:
Na ausência da Fräulein, um bom marido ajudaria no casos da lâmpada queimada, microondas com barulho estranho, parafusos soltos... mas isto deve ser quase como ganhar na loteria também.
Do marido não me queixo. Já tirei a sorte grande...
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